Em setembro, contribuí com esta pauta no LinkedIn: Como empresas e lideranças podem ir além do óbvio na proteção da saúde mental de seus colaboradores?
Minha resposta: Através da espiritualidade.
Durante um “webinar”, em junho de 2023, me perguntaram sobre o papel da espiritualidade nas organizações. Naquela ocasião, minha resposta foi centrada no propósito. Motivada pela pergunta, fui pesquisar mais a fundo e escrevi o artigo "ESPIRITUALIDADE NAS ORGANIZAÇÕES: Além de Sentido e Propósito", que destaca a saúde espiritual como uma das dimensões fundamentais da saúde, ao lado da saúde física, mental e social. O curioso é que, mesmo depois da pandemia, ainda falamos pouco sobre saúde espiritual.
Talvez isso ocorra pela confusão entre espiritualidade e religiosidade, que são conceitos distintos. Espiritualidade está relacionada com uma conexão pessoal com algo maior, enquanto religiosidade envolve a prática de rituais e crenças dentro de uma comunidade religiosa. Uma pessoa pode ser espiritualizada e religiosa, espiritualizada sem ser religiosa, ou religiosa sem cultivar uma espiritualidade mais profunda.
Não foi por acaso, mas por sincronicidade — momentos que parecem coincidências, mas que expressam nossa conexão com algo maior — que, em outubro de 2023, conheci a Dra. Lisa Miller, PhD, psicóloga clínica e pesquisadora da Universidade de Columbia. Suas pesquisas conectam espiritualidade e saúde mental e destacam:
✨ Espiritualidade é 29% herdada geneticamente e 71% influenciada pelo ambiente.
✨ Conexão espiritual reduz em até 80% o risco de desenvolver depressão.
✨ Indivíduos com uma conexão espiritual mais forte demonstram maior resiliência em momentos de crise. Em suas palavras: "A depressão e a espiritualidade são dois lados de uma mesma porta." Mas onde isso está no cérebro? Onde está a depressão como um portal para o caminho espiritual, e não como uma doença?
Junto com outros pesquisadores, ao examinar o cérebro por meio de ressonância magnética, eles analisaram pessoas profundamente deprimidas, vindas de famílias marcadas por gerações de depressão, e outras semelhantes, que, por meio de sua jornada de sofrimento, haviam alcançado um caminho profundamente espiritual. A resposta estava em regiões amplas e disseminadas do córtex. Em pessoas com uma forte espiritualidade pessoal, observou-se um espessamento do córtex, que também exerce uma função preventiva. A ciência, enfim, comprovou a importância da espiritualidade!
🎗 Setembro Amarelo® — O dia 10 deste mês marca oficialmente o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a iniciativa se estende ao longo de todo o ano. O lema de 2024, "Se precisar, peça ajuda!", reforça a importância de normalizar a busca por suporte. As empresas e líderes têm um papel crucial em criar uma cultura de apoio, onde colaboradores se sintam à vontade para expressar suas necessidades e pedir ajuda.
Ao abrir espaço para a espiritualidade e desenvolver a inteligência espiritual — a capacidade de abordar e resolver problemas de significado e valor —, líderes e organizações criam culturas onde os colaboradores se sentem conectados a algo maior, a um propósito, desenvolvendo e elevando o nível de consciência a partir dos quais indivíduos e organizações operam.
Além disto, a espiritualidade resulta em melhorias significativas nos níveis de satisfação, engajamento, rotatividade, diversidade, DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão), e contribui fortemente para a atração e retenção de talentos.
Patricia Gibin é consultora e coach. Fundou a For Change para apoiar a transformação da consciência de pessoas, times e organizações, por meio de programas de desenvolvimento de liderança e de carreira.
Referências:
Gibin, P. (2023, junho 12). Espiritualidade nas organizações: Além de sentido e propósito. Disponível em: LinkedIn e webiste
Miller, L. (2021). The Awakened Brain: The New Science of Spirituality and Our Quest for an Inspired Life. New York: Random House.
Comments